Fernando Tererê era um ídolo, uma referência, uma unanimidade do esporte. Não conquistou esse patamar com marketing e falação. Dentro do tatame, foi campeão mundial no peso da faixa azul à preta. Simplesmente, dominou a categoria.
Mas Tererê foi do céu ao inferno ao ser atingido por uma doença perigosíssima: a dependência química. Como ele mesmo afirmou, ficou 8 anos sem ao menos vestir um quimono, de 2004 a 2012. Vencida a batalha contra as drogas, após algumas internações e muito apoio de da equipe, Alliance, e ícones do jiu-jitsu como Kyra Gracie, ele retornou. Remontou sua equipe de alunos, faz seminários e disputa competições, reconquistando vitórias.
Tererê ainda não voltou a ser um ídolo, uma referência. Ele precisa reconstruir toda a estrada que já percorreu. Precisa reagir como uma fênix, e todos nós torcemos para que ele volte a ocupar os pódios e as páginas das principais competições e veículos de comunicação. Esse é o círculo virtuoso que todo atleta de alto rendimento busca: vitórias, patrocínios, treinamento, legado. Seus alunos veem ao vivo uma bela história de superação.
Anderson Silva é um ídolo, uma referência, uma unanimidade, e continua sendo a despeito da derrota para Weidman. Ainda não desceu ao inferno. Nem ao menos saiu do céu.
Há poucos dias saiu o resultado de uma pesquisa que apontava os atletas mais admirados e os mais lembrados. Na lista, 4 jogadores: Pelé, Ronaldinho, Ronaldo e Neymar. E um "forasteiro": Anderson. É claro que o resultado reflete o momento presente e a evidência do MMA. Mas é significativo Anderson ser citado e Senna, Guga, Oscar, até mesmo Zico e Romário, outros ídolos do futebol, não.
Anderson tem a responsabilidade de ser um ídolo, muito maior que a de Tererê. Seu esporte é muito mais visto, não só em âmbito nacional, mas no mundo todo. Anderson tem uma imagem, talvez não seja exagero dizer que ele é não só sua própria imagem, mas a imagem do esporte. Um esporte que ainda precisa de aceitação e legitimação, e ainda depende da chancela de grandes empresas e da grande mídia. O sucesso de Anderson traz a reboque outros atletas, equipes e profissionais. Você acha isso injusto? Eu não. Isso ocorre em todas as áreas profissionais, não só no esporte. Isso ocorre até no seio familiar: filhos que tem seus pais ou familiares como ídolos têm meio caminho aberto para o sucesso.
Essa é a responsabilidade do ídolo.
Ao ler uma matéria no jornal, falando justamente sobre a imagem de Anderson, que ficou arranhada, deparei com uma declaração do Marcelo Alonso, do PVT: "Como vou explicar ao meu filho, que é fã do Anderson, que o ídolo dele faz bullying? Porque aquilo que ele fez com Weidman foi bullying."
Ser exemplar. Essa é a responsabilidade do ídolo.
Sou fã do Anderson. Continuo sendo. Mas ficaria muito mais feliz e satisfeito com meu ídolo se ele perdesse como Shogun na luta contra Dan Henderson: com garra, com raça. Aquela luta foi a luta do ano em 2011.
A maneira como Anderson perdeu sua última luta e suas declarações posteriores não condizem com a responsabilidade do ídolo.
Mas sei que ele vai reverter esse momento. Ele é nosso ídolo. Essa é sua responsabilidade.
Oss
Para as bases - faixa branca, azul...
Hoje mais cedo, durante uma leitura, deparei com a seguinte citação:
"Nada é mais importante do que o começo"
Quem disse isso foi Elie Wiesel, Prêmio Nobel da Paz em 1986. Wiesel é um judeu sobrevivente do Holocausto e luta para manter viva a história de perseguição pela qual passou e que muitos grupos humanos ainda passam, de diferentes formas.
Essa frase me fez pensar no meu início no jiu-jitsu, quase 20 anos atrás. Em como certas situações me levaram para o tatame.
E também no início deste blog. Pensei neste espaço como um contraponto à mídia especializada em jiu-jitsu, como a Gracie Magazine ou a Tatame. Não que eu queira rivalizar com esses veículos, não há condições para isso. Mas quero falar mais da base, daqueles que estão iniciando agora ou já estão um tempo na estrada contudo sem buscar o alto rendimento das principais competições mundiais. Ou até mesmo aqueles que almejam o alto rendimento, mas ainda não chegaram lá. As revistas citadas cobrem os atletas de ponta e suas equipes. Eu quero falar só da gente, que está todo dia na academia. Este é o começo do blog. Isso é o que importa.
Ao procurar uma foto para ilustrar esse post encontrei essa imagem icônica para quem está começando agora: Royler Gracie de faixa branca. Sim, ele já deu nó numa faixa branca. E, no ano passado, ele recebeu das mãos de Rickson a faixa coral.
Você já se imaginou nessa situação? Se sim, continue sonhando, continue perseverando. Se você persistir, chegará lá.
Oss!
Vídeos históricos #1
JJ Machado vs Wallid Ismail
Cassio Cardoso vs Marcelo Behring Parte 1
Marcelo Garcia vs Tererê
Série História das equipes - Capítulo 1 - Gracie Humaitá
A partir desta postagem, inicio uma série para contar um pouco da história das academias de jiu-jitsu, começando com as mais clássicas.
O capítulo 1 é dedicado à Gracie Humaitá, pois é a equipe que carrega a honra de perpetuar os ensinamentos dos mestres fundadores Carlos e Helio, sendo descendente direta da primeira academia deles, que, aliás, não era uma academia, mas um dos quartos do apartamento de Helio no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro.
Após essa fase inicial no apartamento, Carlos e Helio montaram uma academia propriamente dita no mesmo bairro. Depois, esta foi transferida para um espaço maior na avenida Rio Branco, onde hoje é o coração financeiro do Centro da cidade. Em 1981, nova mudança, para o bairro da Lagoa. E em 1985, a equipe estabelece-se no mesmo espaço que ocupa até hoje, no colégio Padre Antonio Vieira, no Humaitá, zona sul do Rio.
Foi nesta equipe que o meste fundador Helio Gracie formou inúmeros campeões. Embora avesso à criação de competições esportivas, com regras restritivas e limite de tempo para as lutas, o mestre acompanhou muitas competições com seus lutadores envergando no quimono o famoso escudo amarelo e preto da academia.
Uma das histórias mais marcantes do espaço refere-se à invasão sofrida nos anos 1980 pela turma da luta-livre, no auge da histórica rivalidade entre Rickson Gracie e Hugo Duarte, posterior à briga que estes travaram nas areias da praia da Barra. Confira o vídeo:
Quem conhece um pouco da história do jiu-jitsu lembra que nessa época havia muita rivalidade entre turmas de praticantes de muay thai, luta-livre e jiu-jitsu, com invasões de academias, brigas na rua e lutas a portas fechadas, o que posteriormente levou à organização e profissionalização do vale-tudo e seu subproduto, o mma.
Nesta invasão, ocorreu uma nova peleja entre Hugo e Rickson, com vantagem para o segundo. O pessoal da luta-livre pediu outra luta e apontou Eugênio Tadeu para representá-los. Pelo lado do jiu-jitsu, foi designado Royler Gracie, que faria sua estreia no vale-tudo. A luta ainda estava no início quando chegou a polícia, acreditando-se tratar-se de uma baderna descontrolada, pois a disputa ocorria na quadra da escola e havia muita gente do lado de fora, na rua. Explicada a confusão, no dia seguinte Rickson marcou a continuação da luta, desta vez no tatame da academia, a portas fechadas.
Antes do combate, Rickson falou a todos os presentes, representantes do jiu-jitsu e da luta-livre, chamando todos a valorizarem o vale-tudo como esporte, estabelecendo ali uma espécie de embrião de código de honra para a modalidade e pedindo a colaboração de todos para a valorização daquilo que faziam. Passado esse momento, a luta teve início e, depois de 50 minutos sem um vencedor, foi declarado o empate.
Este tatame histórico está lá até hoje. Após o afastamento do mestre fundador Helio Gracie, a academia passou a ser gerida por seus filhos mestres Royler e Rolker. Royler mudou-se no início dos anos 2000 para os EUA, e Rolker seguiu em frente. Atualmente, a equipe conta com a presença esporádica do mestre Rickson em seus treinos.
Gracie Humaitá
Rua Humaitá, 52, Humaitá, RJ
Site: http://graciehumaita.com
Fontes: sites da equipe, Wikipedia, livro Filho teu não foge à luta, de Felipe Awi
O capítulo 1 é dedicado à Gracie Humaitá, pois é a equipe que carrega a honra de perpetuar os ensinamentos dos mestres fundadores Carlos e Helio, sendo descendente direta da primeira academia deles, que, aliás, não era uma academia, mas um dos quartos do apartamento de Helio no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro.
Após essa fase inicial no apartamento, Carlos e Helio montaram uma academia propriamente dita no mesmo bairro. Depois, esta foi transferida para um espaço maior na avenida Rio Branco, onde hoje é o coração financeiro do Centro da cidade. Em 1981, nova mudança, para o bairro da Lagoa. E em 1985, a equipe estabelece-se no mesmo espaço que ocupa até hoje, no colégio Padre Antonio Vieira, no Humaitá, zona sul do Rio.
Foi nesta equipe que o meste fundador Helio Gracie formou inúmeros campeões. Embora avesso à criação de competições esportivas, com regras restritivas e limite de tempo para as lutas, o mestre acompanhou muitas competições com seus lutadores envergando no quimono o famoso escudo amarelo e preto da academia.
Uma das histórias mais marcantes do espaço refere-se à invasão sofrida nos anos 1980 pela turma da luta-livre, no auge da histórica rivalidade entre Rickson Gracie e Hugo Duarte, posterior à briga que estes travaram nas areias da praia da Barra. Confira o vídeo:
Quem conhece um pouco da história do jiu-jitsu lembra que nessa época havia muita rivalidade entre turmas de praticantes de muay thai, luta-livre e jiu-jitsu, com invasões de academias, brigas na rua e lutas a portas fechadas, o que posteriormente levou à organização e profissionalização do vale-tudo e seu subproduto, o mma.
Nesta invasão, ocorreu uma nova peleja entre Hugo e Rickson, com vantagem para o segundo. O pessoal da luta-livre pediu outra luta e apontou Eugênio Tadeu para representá-los. Pelo lado do jiu-jitsu, foi designado Royler Gracie, que faria sua estreia no vale-tudo. A luta ainda estava no início quando chegou a polícia, acreditando-se tratar-se de uma baderna descontrolada, pois a disputa ocorria na quadra da escola e havia muita gente do lado de fora, na rua. Explicada a confusão, no dia seguinte Rickson marcou a continuação da luta, desta vez no tatame da academia, a portas fechadas.
Antes do combate, Rickson falou a todos os presentes, representantes do jiu-jitsu e da luta-livre, chamando todos a valorizarem o vale-tudo como esporte, estabelecendo ali uma espécie de embrião de código de honra para a modalidade e pedindo a colaboração de todos para a valorização daquilo que faziam. Passado esse momento, a luta teve início e, depois de 50 minutos sem um vencedor, foi declarado o empate.
Este tatame histórico está lá até hoje. Após o afastamento do mestre fundador Helio Gracie, a academia passou a ser gerida por seus filhos mestres Royler e Rolker. Royler mudou-se no início dos anos 2000 para os EUA, e Rolker seguiu em frente. Atualmente, a equipe conta com a presença esporádica do mestre Rickson em seus treinos.
Gracie Humaitá
Rua Humaitá, 52, Humaitá, RJ
Site: http://graciehumaita.com
Fontes: sites da equipe, Wikipedia, livro Filho teu não foge à luta, de Felipe Awi
Lesões no jiu-jitsu
Se você está iniciando no jiu-jitsu, não se assuste com o que vou falar agora: em algum momento, sofrerá uma lesão. Se você é graduado, já deve saber do que estou falando.
Não importa se você busca o alto rendimento, treina apenas para competições menores ou só pratica em busca de bem-estar e boa saúde. Lesões, não só no jiu-jitsu mas em qualquer esporte, são inevitáveis. Quando digo isso não penso nem nas dores musculares ou originárias de pancadas e impactos. Falo das mais sérias mesmo, as que o obrigarão a usar medicamentos, ficar um tempo fora dos tatames, fazer fisioterapia ou até uma intervenção cirúrgica.
O jiu-jitsu é um esporte que exige muito de todo o corpo. Alguns esportes privilegiam certas partes, como na natação, que molda os ombros e peitorais, ou o futebol, que fortalece coxas e panturrilhas. Os lutadores profissionais de jiu-jitsu, em geral, não possuem o corpo moldado pelo esporte como característica (é mais fácil identificar um nadador que um lutador, a não ser que este tenha a orelha deformada). A luta pode causar dores musculares devido a esforço e impacto, contudo, é com juntas e ligamentos que devemos nos preocupar, principalmente joelhos. Tenho a impressão de que é a parte do corpo mais exigida.
Quando eu era adolescente e competia mais, consequentemente treinando mais pesado, tive alguns problemas fáceis de curar, mas uma coisa era certa: após uma competição, eu passaria pelo menos 15 dias em fisioterapia nos joelhos. A adolescência é uma época complicada, em que o corpo ainda está se desenvolvendo. Certa vez, o ortopedista explicou que o esforço excessivo nos joelhos prejudicavam sua formação ideal, mas que quando me tornasse adulto, era provável que não teria problemas, pois o próprio organismo corrigiria as falhas. E assim foi: fisioterapias, micro-ondas e tal... Depois de um tempo, de fato, nunca mais senti os joelhos.
Agora, aos 32, volto aos problemas com joelhos. Um pouco do problema se explica: fiquei muito tempo sem treinar, meu peso é maior, a flexibilidade não é a mesma. Há uns dois anos já sentia que poderia haver algo errado, como uma intuição. No joelho direito, já sentia dores há meses, devido a torções que não ocorreram devido ao jiu-jitsu, mas fui levando. E há cerca de 15 dias, uma torção no esquerdo, durante o treino, me obrigou a parar de vez.
Ontem, na consulta, um pré-diagnóstico: possível lesão nos meniscos. Fiz a ressonância e o resultado sai daqui a alguns dias, quando poderemos ter certeza do que ocorre e qual tratamento seguirei. A chance de cirurgia não está descartada.
O problema maior é ficar sem treinar. Não fico muito chateado porque não sou profissional nem tenho em vista competir, mas a saudade e a ansiedade são grandes. Por baixo, acho que serão pelo menos dois meses sem treino.
Mas, como falei no início do post, isso faz parte. Espero ficar totalmente curado e acredito que essa parada vai valer a pena, pois certamente voltarei mais livre para treinar, tanto fisicamente quanto psicologicamente, pois não precisarei evitar posições, resguardar os joelhos, fazer esforços e, principalmente, ceder ao medo de sofrer lesões. Quem treina sentindo dores ou com medo de se machucar entende o que estou falando.
Num post futuro, após o diagnóstico, falarei especificamente da lesão.
Oss.
Não importa se você busca o alto rendimento, treina apenas para competições menores ou só pratica em busca de bem-estar e boa saúde. Lesões, não só no jiu-jitsu mas em qualquer esporte, são inevitáveis. Quando digo isso não penso nem nas dores musculares ou originárias de pancadas e impactos. Falo das mais sérias mesmo, as que o obrigarão a usar medicamentos, ficar um tempo fora dos tatames, fazer fisioterapia ou até uma intervenção cirúrgica.
O jiu-jitsu é um esporte que exige muito de todo o corpo. Alguns esportes privilegiam certas partes, como na natação, que molda os ombros e peitorais, ou o futebol, que fortalece coxas e panturrilhas. Os lutadores profissionais de jiu-jitsu, em geral, não possuem o corpo moldado pelo esporte como característica (é mais fácil identificar um nadador que um lutador, a não ser que este tenha a orelha deformada). A luta pode causar dores musculares devido a esforço e impacto, contudo, é com juntas e ligamentos que devemos nos preocupar, principalmente joelhos. Tenho a impressão de que é a parte do corpo mais exigida.
Quando eu era adolescente e competia mais, consequentemente treinando mais pesado, tive alguns problemas fáceis de curar, mas uma coisa era certa: após uma competição, eu passaria pelo menos 15 dias em fisioterapia nos joelhos. A adolescência é uma época complicada, em que o corpo ainda está se desenvolvendo. Certa vez, o ortopedista explicou que o esforço excessivo nos joelhos prejudicavam sua formação ideal, mas que quando me tornasse adulto, era provável que não teria problemas, pois o próprio organismo corrigiria as falhas. E assim foi: fisioterapias, micro-ondas e tal... Depois de um tempo, de fato, nunca mais senti os joelhos.
Agora, aos 32, volto aos problemas com joelhos. Um pouco do problema se explica: fiquei muito tempo sem treinar, meu peso é maior, a flexibilidade não é a mesma. Há uns dois anos já sentia que poderia haver algo errado, como uma intuição. No joelho direito, já sentia dores há meses, devido a torções que não ocorreram devido ao jiu-jitsu, mas fui levando. E há cerca de 15 dias, uma torção no esquerdo, durante o treino, me obrigou a parar de vez.
Ontem, na consulta, um pré-diagnóstico: possível lesão nos meniscos. Fiz a ressonância e o resultado sai daqui a alguns dias, quando poderemos ter certeza do que ocorre e qual tratamento seguirei. A chance de cirurgia não está descartada.
O problema maior é ficar sem treinar. Não fico muito chateado porque não sou profissional nem tenho em vista competir, mas a saudade e a ansiedade são grandes. Por baixo, acho que serão pelo menos dois meses sem treino.
Mas, como falei no início do post, isso faz parte. Espero ficar totalmente curado e acredito que essa parada vai valer a pena, pois certamente voltarei mais livre para treinar, tanto fisicamente quanto psicologicamente, pois não precisarei evitar posições, resguardar os joelhos, fazer esforços e, principalmente, ceder ao medo de sofrer lesões. Quem treina sentindo dores ou com medo de se machucar entende o que estou falando.
Num post futuro, após o diagnóstico, falarei especificamente da lesão.
Oss.
Você entende essa Copa das Confederações?
Quem não conhece o dia a dia do jiu-jitsu e está começando agora no esporte certamente não conhece todas as federações e confederações oficiais que regulamentam o esporte. Parece que existem diversas vertentes ou modalidades, mas não se engane, é tudo jiu-jitsu, o mesmo bom e velho jiu-jitsu brasileiro.
Até que ponto essa salada de instituições atrapalha nosso esporte?
Na minha opinião, atrapalha muito. Até consigo entender as boas intenções que estão por trás da existência de todas essas entidades. Sei que cada criação de uma nova federação representa um movimento de determinados grupos no intuito de desenvolver o esporte. O problema é que quanto mais dividida a organização do esporte, mais difícil será torná-lo uma modalidade com alcance mundial.
Mas, vamos passear um pouco pela história e possíveis causas de tanta divisão.
A primeira federação foi criada na década de 1970 pelos grandes mestres fundadores Carlos e Hélio e foi denominada Federação de Jiu-Jitsu da Guanabara, que posteriormente tornou-se a FJ-J Rio. Ela organizou os primeiros campeonatos oficiais, quando Carlos e Hélio tinham lugar cativo em cadeiras na primeira fila, defronte ao dojô.
Por essa época, com os resultados variados das competições, surgiram rivalidades e divisões no esporte. Enquanto a família Gracie exercia o controle da federação e regulamentava regras e procedimentos, outros grupos entendiam que o esporte já tinha há muito ultrapassado as barreiras familiares e queriam também dar as cartas no desenvolvimento e organização do jiu-jitsu.
Aos poucos, tanto no Rio de Janeiro, reduto dos Gracie, quanto no restante do país, foram surgindo variadas entidades. Algumas simpáticas e parceiras da FJ-J Rio, outras, de oposição. Na cidade de Niterói foi criada, nos anos 1980, a LERJJI - Liga do Estado do Rio de Janeiro de Jiu-Jitsu, responsável por criar competições que se equiparavam aos da FJ-J Rio em importância e participação de atletas. Em outros estados, as federações foram sendo criadas e organizadas.
Em 1991 surgiu a primeira entidade em nível nacional: a Liga Brasileira de Jiu-Jitsu. Depois veio, 1994, a CBJJ, aquela que ao meu entender é a principal, sendo reconhecida inclusive pelo Comitê Olímpico Brasileiro. No final dos anos 1990, a CBJJ organizou os primeiros campeonatos mundiais de jiu-jitsu. Posteriormente, serviu como base para a criação da IBJJF, que atualmente é a responsável por organizar o campeonato mundial com maior participação de atletas das mais variadas nacionalidades.
Por fim, também com representatividade nacional, vieram a CBJJO, em 2002, a CBJJE, em 2007, e, por último, a recém-fundada Confederação Brasileira de Lutas Profissionais (2013).
Citei essas instituições porque são as que organizam "Campeonato Brasileiro", "Copa do Brasil", "Copa do Mundo", "Campeonato Mundial" etc.
E o resultado? Por ano, temos mais de 100 campeões mundiais de jiu-jitsu, o que desvaloriza, muito, o título de cada atleta. É uma pena. O atleta tem todo o direito se declarar campeão mundial, independentemente de qual federação organizou o evento ou de quantos países participaram. A culpa não é dele.
O principal problema é a falta de um consenso em torno do esporte, agravado pelas rivalidades históricas que começaram no tatame décadas atrás. Esse panorama dificilmente será alterado. Havendo uma confederação unificada, as disputas seriam muito mais emocionantes, os títulos, muito mais valorizados. As técnicas de treinamento evoluiriam e as empresas estariam muito mais dispostas a investir no jiu-jitsu. Havendo uma confederação nacional unificada, as que já existem poderiam transformar-se em ligas fortes e organizadas, com rankings fortes. Será que é sonhar muito? Um exemplo dessa realidade é a já citada LERJJI, que possui uma competição forte sem, contudo, suplantar em autoridade a federação estadual, e sim caminhando lado a lado e fortalecendo as equipes e atletas.
Uma possível solução seria uma intervenção de um órgão regulamentador maior, como o Ministério dos Esportes. Porém, o Ministério aceita a homologação de novas federações simplesmente com pequenas modificações de nome, como "Olímpico", "Esportivo", "Desportivo" etc., sem levar em consideração que as diferenças estão apenas no nome das entidades e que o esporte é o mesmo: jiu-jitsu. Uma vez que possui a regulamentação do Estado, as entidades têm todo o direito de organização suas competições nacionais e internacionais.
Ou seja: diante do pedido de oficialização de novas entidades, deveria haver um critério rigoroso que impedisse a criação do novas federações e confederações. Tenho certeza de que se alguém quiser criar uma nova confederação de futebol ou vôlei, por exemplo, vai dar com a porta na cara...
Enquanto a organização e a regulamentação for dividida, os atletas podem até ganhar os diversos campeonatos nacionais (muitos com atletas de apenas 5 a 10 estados) e campeonatos mundiais (muitos com 90% ou mais de competidores brasileiros...), mas o jiu-jitsu sai perdendo, finalizado e sem gás.
Até que ponto essa salada de instituições atrapalha nosso esporte?
Na minha opinião, atrapalha muito. Até consigo entender as boas intenções que estão por trás da existência de todas essas entidades. Sei que cada criação de uma nova federação representa um movimento de determinados grupos no intuito de desenvolver o esporte. O problema é que quanto mais dividida a organização do esporte, mais difícil será torná-lo uma modalidade com alcance mundial.
Mas, vamos passear um pouco pela história e possíveis causas de tanta divisão.
A primeira federação foi criada na década de 1970 pelos grandes mestres fundadores Carlos e Hélio e foi denominada Federação de Jiu-Jitsu da Guanabara, que posteriormente tornou-se a FJ-J Rio. Ela organizou os primeiros campeonatos oficiais, quando Carlos e Hélio tinham lugar cativo em cadeiras na primeira fila, defronte ao dojô.
Por essa época, com os resultados variados das competições, surgiram rivalidades e divisões no esporte. Enquanto a família Gracie exercia o controle da federação e regulamentava regras e procedimentos, outros grupos entendiam que o esporte já tinha há muito ultrapassado as barreiras familiares e queriam também dar as cartas no desenvolvimento e organização do jiu-jitsu.
Aos poucos, tanto no Rio de Janeiro, reduto dos Gracie, quanto no restante do país, foram surgindo variadas entidades. Algumas simpáticas e parceiras da FJ-J Rio, outras, de oposição. Na cidade de Niterói foi criada, nos anos 1980, a LERJJI - Liga do Estado do Rio de Janeiro de Jiu-Jitsu, responsável por criar competições que se equiparavam aos da FJ-J Rio em importância e participação de atletas. Em outros estados, as federações foram sendo criadas e organizadas.
Em 1991 surgiu a primeira entidade em nível nacional: a Liga Brasileira de Jiu-Jitsu. Depois veio, 1994, a CBJJ, aquela que ao meu entender é a principal, sendo reconhecida inclusive pelo Comitê Olímpico Brasileiro. No final dos anos 1990, a CBJJ organizou os primeiros campeonatos mundiais de jiu-jitsu. Posteriormente, serviu como base para a criação da IBJJF, que atualmente é a responsável por organizar o campeonato mundial com maior participação de atletas das mais variadas nacionalidades.
Por fim, também com representatividade nacional, vieram a CBJJO, em 2002, a CBJJE, em 2007, e, por último, a recém-fundada Confederação Brasileira de Lutas Profissionais (2013).
Citei essas instituições porque são as que organizam "Campeonato Brasileiro", "Copa do Brasil", "Copa do Mundo", "Campeonato Mundial" etc.
E o resultado? Por ano, temos mais de 100 campeões mundiais de jiu-jitsu, o que desvaloriza, muito, o título de cada atleta. É uma pena. O atleta tem todo o direito se declarar campeão mundial, independentemente de qual federação organizou o evento ou de quantos países participaram. A culpa não é dele.
O principal problema é a falta de um consenso em torno do esporte, agravado pelas rivalidades históricas que começaram no tatame décadas atrás. Esse panorama dificilmente será alterado. Havendo uma confederação unificada, as disputas seriam muito mais emocionantes, os títulos, muito mais valorizados. As técnicas de treinamento evoluiriam e as empresas estariam muito mais dispostas a investir no jiu-jitsu. Havendo uma confederação nacional unificada, as que já existem poderiam transformar-se em ligas fortes e organizadas, com rankings fortes. Será que é sonhar muito? Um exemplo dessa realidade é a já citada LERJJI, que possui uma competição forte sem, contudo, suplantar em autoridade a federação estadual, e sim caminhando lado a lado e fortalecendo as equipes e atletas.
Uma possível solução seria uma intervenção de um órgão regulamentador maior, como o Ministério dos Esportes. Porém, o Ministério aceita a homologação de novas federações simplesmente com pequenas modificações de nome, como "Olímpico", "Esportivo", "Desportivo" etc., sem levar em consideração que as diferenças estão apenas no nome das entidades e que o esporte é o mesmo: jiu-jitsu. Uma vez que possui a regulamentação do Estado, as entidades têm todo o direito de organização suas competições nacionais e internacionais.
Ou seja: diante do pedido de oficialização de novas entidades, deveria haver um critério rigoroso que impedisse a criação do novas federações e confederações. Tenho certeza de que se alguém quiser criar uma nova confederação de futebol ou vôlei, por exemplo, vai dar com a porta na cara...
Enquanto a organização e a regulamentação for dividida, os atletas podem até ganhar os diversos campeonatos nacionais (muitos com atletas de apenas 5 a 10 estados) e campeonatos mundiais (muitos com 90% ou mais de competidores brasileiros...), mas o jiu-jitsu sai perdendo, finalizado e sem gás.
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Jiu-jitsu vs. Zen-jitsu
Você deve estar se perguntando o que é isso: "zen-jitsu". Não, não existe uma luta ou algum tipo de variação do jiu-jitsu com esse nome. Para ter certeza, joguei no google, e o que aparece são referências a mangás. Ou seja, o termo deve ser o nome de um personagem ou uma série.
Pensei nesse nome, zen-jitsu, certa vez quando estava refletindo sobre a história do jiu-jitsu. Associei ao fato de muitas pessoas praticarem jiu-jitsu em busca de bem-estar e boa saúde mental. Por fim, o termo se fortaleceu em meus pensamentos após ler a biografia do grande mestre Carlos Gracie (Carlos Gracie - O criador de uma dinastia, Rio de Janeiro: Record).
Explico: em relação à história do esporte, diz a tradição que foi criado por monges budistas, os praticantes da filosofia Zen. Em relação ao bem-estar, não há muito o que falar: se você já pratica jiu-jitsu, sabe do que estou falando. Se não, não sabe o que está perdendo. Por fim, a biografia de Carlos Gracie joga luz sobre suas motivações ao criar o jiu-jitsu, e como seu irmão Hélio Gracie absorveu os ensinamentos e os passou à frente para seus alunos.
Resumindo, Carlos buscou criar uma técnica eficiente de defesa pessoal. Ele não visava criar um esporte, muito menos competições. Ele é quem melhor personifica o praticante que busca o jiu-jitsu como filosofia de vida. Carlos era muito espiritualista, preocupado com a saúde mental e física. Chegou até mesmo a criar um programa alimentar - a dieta Gracie - e utilizava a prática de meditação como forma de alcançar paz interior.
Zen-jitsu então é uma ideia que engloba tudo isso. É a vertente da modalidade mais ligada aos primórdios do jiu-jitsu criado por Carlos e Hélio Gracie. Talvez você não saiba, mas está praticando isso que eu chamo, de brincadeira, de zen-jitsu.
O maior exemplo de conexão da história do jiu-jitsu com a era moderna é a prática do Yoga pelo maior expoente da família Gracie, Rickson. É do conhecimento de todos que ele é um defensor do Yoga e suas técnicas de respiração como complementação ao treinamento esportivo. Já li por aí que ele melhorou muito seu desempenho apenas treinando a respiração por meio dos exercícios do Yoga. E ele mesmo já declarou que sua principal motivação é valorizar e deixar como legado seu exemplo de viver o jiu-jitsu como ingrediente para a formação moral, espiritual e intelectual do praticante. Isso é muito mais que ser um mero lutador profissional, um mero competidor, carregador de medalhas.
Se você quer conhecer um pouco melhor o Yoga, procure no google por Hermógenes, o maior nome do Yoga no país. São dezenas de livros publicados, alguns bem específicos, outros, com linguagem mais acessível para quem está começando. Ele ensina em alguns desses livros exercícios de fácil execução, e isso é melhor que não fazer nada, concorda?
Pra finalizar: ao competir, não se esqueça que além de técnica e preparo físico, você precisa de uma mente saudável. Talvez seja a hora de incrementar um pouco de "zen-jitsu" nos seus treinamentos.
Oss!
Pensei nesse nome, zen-jitsu, certa vez quando estava refletindo sobre a história do jiu-jitsu. Associei ao fato de muitas pessoas praticarem jiu-jitsu em busca de bem-estar e boa saúde mental. Por fim, o termo se fortaleceu em meus pensamentos após ler a biografia do grande mestre Carlos Gracie (Carlos Gracie - O criador de uma dinastia, Rio de Janeiro: Record).
Explico: em relação à história do esporte, diz a tradição que foi criado por monges budistas, os praticantes da filosofia Zen. Em relação ao bem-estar, não há muito o que falar: se você já pratica jiu-jitsu, sabe do que estou falando. Se não, não sabe o que está perdendo. Por fim, a biografia de Carlos Gracie joga luz sobre suas motivações ao criar o jiu-jitsu, e como seu irmão Hélio Gracie absorveu os ensinamentos e os passou à frente para seus alunos.
Resumindo, Carlos buscou criar uma técnica eficiente de defesa pessoal. Ele não visava criar um esporte, muito menos competições. Ele é quem melhor personifica o praticante que busca o jiu-jitsu como filosofia de vida. Carlos era muito espiritualista, preocupado com a saúde mental e física. Chegou até mesmo a criar um programa alimentar - a dieta Gracie - e utilizava a prática de meditação como forma de alcançar paz interior.
Zen-jitsu então é uma ideia que engloba tudo isso. É a vertente da modalidade mais ligada aos primórdios do jiu-jitsu criado por Carlos e Hélio Gracie. Talvez você não saiba, mas está praticando isso que eu chamo, de brincadeira, de zen-jitsu.
O maior exemplo de conexão da história do jiu-jitsu com a era moderna é a prática do Yoga pelo maior expoente da família Gracie, Rickson. É do conhecimento de todos que ele é um defensor do Yoga e suas técnicas de respiração como complementação ao treinamento esportivo. Já li por aí que ele melhorou muito seu desempenho apenas treinando a respiração por meio dos exercícios do Yoga. E ele mesmo já declarou que sua principal motivação é valorizar e deixar como legado seu exemplo de viver o jiu-jitsu como ingrediente para a formação moral, espiritual e intelectual do praticante. Isso é muito mais que ser um mero lutador profissional, um mero competidor, carregador de medalhas.
Se você quer conhecer um pouco melhor o Yoga, procure no google por Hermógenes, o maior nome do Yoga no país. São dezenas de livros publicados, alguns bem específicos, outros, com linguagem mais acessível para quem está começando. Ele ensina em alguns desses livros exercícios de fácil execução, e isso é melhor que não fazer nada, concorda?
Pra finalizar: ao competir, não se esqueça que além de técnica e preparo físico, você precisa de uma mente saudável. Talvez seja a hora de incrementar um pouco de "zen-jitsu" nos seus treinamentos.
Oss!
Nasce um blog! Um blog? Então, por que essa foto?
Porque todo projeto precisa de uma motivação...
Este é o segundo blog sobre jiu-jitsu que inicio. O primeiro foi mais uma brincadeira, uma maneira de me forçar a estar por dentro das novidades e da atualidade após ficar quase 9 anos sem pisar num tatame. Mas, quando faltou tempo, quando o trabalho ficou pesado, o blog foi sendo abandonado aos poucos, até que decidi descontinuá-lo.
Agora, pelo mesmo motivo, resolvi voltar a escrever. Mas, em vez de escolher um blog, escolhi o Facebook, pois fico muitas horas conectado por dia. Abri a comunidade Jiu-Jitsu Club, pensando em compartilhar algumas fotos, montagens, notícias etc. E aí, a surpresa: a comunidade viralizou e já são mais de 14 mil curtidores! Isso me animou a voltar a escrever um blog, porque eu trabalho com texto, minha onda é mesmo escrever.
Agora vou explicar a foto: hoje fiquei sabendo que serei pai de um menino. É meu primeiro filho. O espírito da mudança e do futuro me animou a dar o pontapé inicial neste espaço. É tempo de nascimento.
E vamo que vamo.
Oss
Este é o segundo blog sobre jiu-jitsu que inicio. O primeiro foi mais uma brincadeira, uma maneira de me forçar a estar por dentro das novidades e da atualidade após ficar quase 9 anos sem pisar num tatame. Mas, quando faltou tempo, quando o trabalho ficou pesado, o blog foi sendo abandonado aos poucos, até que decidi descontinuá-lo.
Agora, pelo mesmo motivo, resolvi voltar a escrever. Mas, em vez de escolher um blog, escolhi o Facebook, pois fico muitas horas conectado por dia. Abri a comunidade Jiu-Jitsu Club, pensando em compartilhar algumas fotos, montagens, notícias etc. E aí, a surpresa: a comunidade viralizou e já são mais de 14 mil curtidores! Isso me animou a voltar a escrever um blog, porque eu trabalho com texto, minha onda é mesmo escrever.
Agora vou explicar a foto: hoje fiquei sabendo que serei pai de um menino. É meu primeiro filho. O espírito da mudança e do futuro me animou a dar o pontapé inicial neste espaço. É tempo de nascimento.
E vamo que vamo.
Oss
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